22.5.14

A demonização do espaço, a área VIP e seus entusiastas.




Existem dois tipos de evento, os privados e os públicos. Refiro-me a eventos musicais, shows, apresentações de bandas famosas ou o que costumamos chamar de festas. As festas das nossas cidades de Juazeiro e Petrolina cada vez mais afastam o grande publico das atrações, por vezes, há muito tempo esperadas, com a prática nefasta e excludente das áreas VIP.A área VIP é algo novo aqui na região e parece que veio para ficar. E que funciona da seguinte forma, o espaço do clube ou casa de show escolhida/escolhido para receber a atração é descaradamente “retalhado” e configurado para agradar aos pagadores exclusivos, o iluminado cliente VIP. Pelo porte das duas cidades e pelo nível das atrações trazidas para cá, os preços dos ingressos são proporcionalmente abusivos em comparação a outras cidades mais, digamos, desenvolvidas. O que por si só, já é um absurdo.

A pista virou o novo povo (povo aqui, não represente a massa), e sabemos que o povo não participa destas festas. Acho que muitas mulheres e homens do povo, por exemplo, gostariam de pagar um preço justo para ver uma artista, cantor ou banda renomado/renomada. Curtir um evento com segurança, bom trato e tranquilidade, a meu ver, nestes eventos e espaços “pista” é praticamente impossível. A pista tornou-se uma ilha de desgarrados, pobres coitados que não podem gozar dos prazeres e privilégios das áreas mais abastadas, com uísque caro e massagem no pé.Não sou contra a área VIP e sim contra a má utilização do espaço para quem fez a opção de não “ser” área VIP. Quem pode pagar por uma mesa, ou camarote, que pague! Mas, a organização do evento que não prejudique quem não quer, ou não pode, pagar pela mesma. 

A estrutura é montada para favorecer somente os que decidiram pagar um muito a mais, para obter privilégios que poderiam ser concedidos a todos os pagantes independente da classe ou área a que pertença se algumas outras questões fossem respeitadas, mas esta, já é outra história.Hoje já existe o VIP do VIP, as áreas “Privilege”, que como o próprio nome já incita, nos remente a algo singular e único. Nada mais é do que uma prática de cada vez mais restringir e limitar os espaços, demonizar e montar a alegoria do alpinista, onde homem/mulher tem que alcançar o cume do status social, para que até numa festa ou evento possa demostrar sua superioridade.

A criação da área VIP é reflexo de nossa sociedade, assim como outras questões mais relevantes, como a educação privada e os planos de saúde particulares. Contudo, esta questão pode servir perfeitamente para ilustrar o quanto, cada vez mais, o homem se separa do homem. Quem pode pagar, continuará a pagar, que vende sempre contará com uma clientela fiel. Que continuem a área VIP, mas que se respeite a opção, ou condição do outro

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